segunda-feira, 5 de novembro de 2012

palavras do mestre sobre o conto "o olho da rua"




No Compasso da Dureza

   Lygia Roncel ou Clarice Lispector? “O Olho da Rua” ou “A Hora da Estrela”?
            Leio um conto e parece que li um romance com tudo dentro, bem dentro, com um fantástico psicológico, parecendo ilógico, com o cruel do tormento de um momento.
            Das páginas no papel, de um espaço medido no blog, um conto brotado no comparar metafórico da violência grandecitadina, breve como um tiro, bruto como o cair de um prédio de dez andares, enquanto tudo acontece: as lembranças claras do claro domingo de sol, o único verdadeiro, ferido e terminal amor... Dessas páginas, desse blog, brotando gerundicamente um sangue assassino, um sangue suicida, ou acidental na fuga...
            Um abraço! O abraço do laço gerativo de mãe! No momento derradeiro, a volta do menino travesso, do menino sem pai, do menino fruto sistêmico de uma sociedade dedo-dura, de uma visão lispectoriana, não, roncelina.
            A consciência, de repente, acorda na sarjeta abismática, acorda no instante do apagar-se para ir com o vento para fora do mundo cheio de sol, vermelho de fogo da paixão e de sangue afogador de todos os sonhos.
            Ler um conto como “O Olho da Rua” faz não refletir, num soco somente leva à constatação de que a vida vale a pena, nem que seja um breve momento de triste despedida. Acontece tudo em breve compasso de dureza.

                                                       Roque Aloisio Weschenfelder

2 comentários:

  1. Fiquei muito honrado com a incumbência de fazer este comentário acerca do conto "no olho da rua".
    Agradeço ao amigo Ênio pela deferência.

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  2. o conto "o olho da rua" de lygia roncel, pela força da literatura plena, merecia mesmo um cometário do mestre.
    viva!

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